Memórias de um condomínio

 

Estávamos gravando um vídeo ao ar livre quando ele passou, girou no ar, e caiu. Quando percebemos os destroços vinham em nossa direção, nos demos conta e buscamos nos abrigar desesperados. Passado o susto, rapidamente fui ao prédio onde morava meu irmão e meu pai. Chamei-os, o prédio estava abalado, e em chamas, mas saímos com ajuda dos bombeiros e tentamos, também, auxiliar nas buscas por sobreviventes da aeronave.

Viver em um condomínio não é exatamente o paraíso pregado nas propagandas das construtoras. Um prédio, por exemplo, parece que se está morando com várias pessoas desconhecidas como se fossemos uma família.  E os problemas de convivência crescem em exponencial. Algo pequeno pode se tornar motivo para brigas, discórdias, e até mortes. Certo dia os garotos brincavam na quadra e houve desentendimento entre eles, o pai de um deles resolveu tomar satisfação e chegou a bater no garoto maior. O outro pai, quando soube, registrou ocorrência, houve discussão, e ameaças. Outra situação inconveniente, quando um dos seus vizinhos resolve contar a história de sua vida, e você precisa, por convenção, e para mostrar simpatia, ouvir aquilo, concordar, mesmo sem ter ouvido uma só palavra, desejoso que aquela ladainha acabe o quanto antes. Conversa entre os vizinhos sempre é sobre outro morador, fala-se em política, futebol, até novelas, mas o que predomina é uma maratona da série da vida daquela vizinha, desde quando acordou, até que horas chegou no seu apartamento. Geraldo é um senhor de seus 62 anos, baixo, calvo e gordo. O qual costuma interferir em todos os assuntos do prédio. Se a senhora Leandra chega às 02:00h da manhã e faz algum barulho no portão ou no corredor, já o incomodava, mas raramente falava diretamente com a pessoa, costumava conversar com os vizinhos. Certa vez resolveu escrever na parede de cada andar que as pessoas evitassem sujar os corredores, isto não com cartazes, mas com sua própria letra e tinta azul, acabou enfeando mais que a sujeira supostamente deixada pelos moradores. Dona Maria era uma senhora de seus 89 anos, morava com seu filho e uma neta, Juliana, esta tinha uma paciência enorme, cuidava e ainda conseguia tolerar e até demover a anciã de constantes arroubos de sandices. Ainda assim D. Maria um dia acordou cedo e resolveu lavar a roupa suja do dia anterior, depois de usar a pia do banheiro foi estender na varanda. O problema era que a porta permanecia fechada, e eram 05:40h da manhã, todos dormiam. Para não perturbar, ela abriu a janela, pulou, estendeu a roupa, e voltou para seu quarto como se nada tivera ocorrido.  Certa ocasião perturbara o prédio, algumas moças e senhoras estavam a conversar em frente a um dos apartamentos, soube-se que a moradora estava em audiência com um rapazola bem apessoado, estatura mediana, grandes músculos, usava sempre uma calça apertada e camisetas; este costumava prestar serviços tanto as solteiras como para senhoras casadas enquanto seus maridos não estavam em casa.

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